domingo, 28 de outubro de 2012

Uma história que não é contada - Parte 1




Visão deturpada sobre a Idade Média


Muitas vezes vemos ser usado o termo "Idade das Trevas" para se caracterizar a Idade Média cristã; é um grande absurdo e preconceito contra este tempo e contra a Igreja, além de ser um grave erro histórico.

A Idade Média não foi um período de desorganização política, econômica e cultural; não foi um período de desprezo da razão e da morte do saber e da ciência. Essas mentiras absurdas e anti-históricas, foram inventadas pelos filósofos iluministas, que, acreditando serem eles os "iluminados" pela "deusa da razão" que entronizaram na Catedral de Notre Dame de Paris, na época da Revolução Francesa ( 1789 ), odiavam a Idade Média por ser este um período em que a Igreja católica mais exerceu a sua boa influência no mundo.

Debaixo de um ódio ideológico à Igreja católica, Diderot, D' Alembert, Montesquieu, Rousseau, Turgot, Condorcet, Voltaire... deram à Idade Média o título de "Idade das Trevas", chamando o movimento deles de "Iluminista", uma vez que diziam "jogar a luz sobre as trevas" da Idade Média e da Fé Católica ( Souza T. F., 2007 ). "Eles acusavam, como veremos, a Igreja de Inimiga da razão e do desenvolvimento das Ciências; e que pretendia encarcerar o homem nas trevas da Religião através dos dogmas; e inimiga da liberdade. Neste livro você poderá constatar que tudo isso é uma grande falsidade e ódio gratuito a Igreja católica".

Para os iluministas, a Idade Média foi a Idade do Atraso, onde o conhecimento era reservado a poucos; o saber dominado pela Igreja, que assim dominava o povo ignorante com superstições e misticismos; e que cientistas eram assassinados e "grandes filósofos" calados nas fogueira da Inquisição, etc...

Lamentavelmente esta triste e injusta mentalidade ainda existe hoje em nossas universidades, embora amplamente desmentida pelos historiadores modernos.

Com a expressão "Idade Média", os iluministas queriam pejorativamente caracterizar o período da Língua Latina que vai da Idade Clássica antiga no século V ao renascimento da mesma no século XV. Para esses pseudo "iluminados", a Idade Média estava entre duas épocas áureas ( entre os séculos V e XVI ), e seria uma fase apagada ou "decadente" na história do idioma latino entre 476 e 1453. A palavra Gótico era usada como sinônimo de bárbaro, algo absurdo. O protestantismo infelizmente reforçou esta mentalidade pejorativa.

No século XVIII, o Iluminismo repetiu as mesmas sentenças, como vemos nos escritos de Voltaire, Montesquieu, D' Alembert... acusando a Igreja de promover a superstição e a ingenuidade da mente. Mas no século XIX a historiografia do romantismo reconheceu os valores medievais. Esses iluministas, paradoxalmente se apropriaram das universidades nos século XVII e XVIII, QUE FORAM CRIADAS PELA IGREJA, como se fossem seus fundadores para atacar a Igreja.

Em 1688, o historiador alemão Cristóvão Keller ( Cellarius) na sua "Historia da Idade Media", adotou pela primeira vez este nome.

A maioria das pessoas que falam sobre a Idade Média, nunca a estudaram devidamente; apenas a conheceram por sua "má fama", propagada pelos adversários da Igreja, alguns revoltados professores de colégio e universidades. A única idéia que têm dela é de um período de execuções, massacres, cenas de violência, fome, epidemias... É frequente ouvirem-se observações como: "Não estamos mais na Idade Média" ou "É uma mentalidade medieval, obscurantista".

A historiadora Régine Pernoud, especialista francesa em estudos medievais, desmentiu cientificamente essa mentalidade errada e perversa no seu livro "Lumière du Moyen-Age", publicado em 1945, que mereceu-lhe o prêmio "Fémina Vacaresco" de Crítica e História. Em 1978, a autora editou "Pour en finir avec le Moyen-Age", obra que lhe valeu o prêmio "Sola-Cabiati" da cidade de Paris e a consagração da crítica como sendo uma das mais notáveis conhecedoras da Idade Média. Tal obra foi traduzida para o português com o título "Idade Média: O que não nos ensinaram", pela editora Agir, SP.

Eis as palavras com que a historiadora medievalista conclui seus estudos sobre os costumes dos cidadãos da Idade Média: "Do conjunto sobressai uma confiança na vida, uma alegria de viver do que não encontramos em mais nenhuma civilização. Essa espécie de fatalidade que pesa sobre o mundo antigo, esse teor do Destino, deus implacável ao qual os próprios deuses estão submetidos, o mundo medieval ignorou-a totalmente". ( Pernoud, 1997 ).

Na verdade, os mil anos da Idade Média ( 476-1453 ) foram uma fase valiosa e rica da historia da humanidade, onde a nossa civilização ocidental, hoje preponderante, foi "preparada e moldada pela luz de Cristo". Os cristãos medievais salvaram o que havia de bom na cultura greco-romana, após a invasão dos bárbaros, e a desenvolveram de modo cristão, lançando as bases da nossa civilização moderna.

A cultura predominante em nossos dias é a ocidental, e esta tem sua origem na Europa medieval moldada pela Igreja. A época moderna não surgiu a partir do nada; seus valores foram cultivados na Idade Média; como então esta época poderia ser negativa? A Idade Média é a raiz boa da nossa Civilização Ocidental; e não, como querem alguns, a decadência do mundo romano antigo. A Idade Média berçou o mundo moderno.

O historiador agnóstico Will Durant ( 1950 ), defende a Igreja: " A causa básica da regressão cultural não foi o Cristianismo, mas o barbarismo; não a religião, mas a guerra. O empobrecimento e ruína das cidades, mosteiros, bibliotecas, escolas, tornaram impossível a vida escolar e científica. Talvez a destruição tivesse sido pior se a Igreja não tivesse mantido alguma ordem na civilização decadente." " Muito antes que as escolas leigas surgissem no século XII. a Igreja já mantinha escolas nos centros urbanos e nos mosteiros. É raríssimo encontrar um intelectual medieval que não tenha aprendido as primeiras letras num mosteiro. O gênio da filosofia medieval, Tomás de Aquino, iniciou seus estudos na Abadia de Montecassino, em 1230, com cinco anos de idade, sob orientação dos monges beneditinos, entrando para a Ordem dos Dominicanos, em 1244. O grande poeta florentino e maior poeta italiano, Dante Alighieri, estudou inicialmente no Convento de Santa Croce, em Florença, sob orientação dos franciscanos. Se Dante foi o intelectual de primeira categoria, é porque foi educado em boa escola. Isto é prova de que este período não era um "período de trevas".

Foi um monge católico, o inglês Alcuín, ministro de Carlos Magno (+814) quem estabeleceu um programa de estudos para as escolas da época medieval, explorando as ditas Sete Artes: o "Trivium", que abrangia as três matérias de ensino literário: gramática, retórica e dialética; e o "Quadrivium", que abrangia as quatro matérias de ensino científico: astronomia, música, aritmética e geometria.

Durante o Renascimento promovido pelo o imperador Carlos Magno foi confiada à Igreja Católica a tarefa de educar o povo, através de escolas dos monges e de escolas catedrais. ( Souza T. F., 2007 ).


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